O Livro dos Cinco Anéis: um manual de disciplina e propósito para tempos modernos
Descubra como Musashi nos ensina a dar mais valor ao “fruto” do que à “flor”
Olá, pessoal
Hoje quero compartilhar uma leitura transformadora: O Livro dos Cinco Anéis, de Miyamoto Musashi. Para muitos, ele é um tratado de estratégia; para outros, um guia espiritual. Para mim, é um convite para refletir e agir com propósito.
Miyamoto Musashi, o lendário samurai que escreveu este livro no Japão feudal, era mais do que um guerreiro. Ele era um estrategista que venceu mais de 60 duelos e um pensador que explorou as profundezas da mente e do espírito humano. Através dos cinco anéis – Terra, Água, Fogo, Vento e Vazio –, ele nos leva a entender que a verdadeira vitória não é apenas dominar o oponente, mas também a nós mesmos.
Assim que comecei a leitura, uma frase de Musashi me chamou a atenção: “Dar mais valor à flor que ao fruto.” Essa ideia ecoou forte em mim, pois reflete algo que vejo hoje: a valorização da aparência superficial, especialmente nas redes sociais. Musashi usava essa expressão para criticar escolas de combate que focavam mais em técnicas bonitas e acrobáticas, enquanto ele valorizava a eficiência, o fruto da técnica. A essência não está na “flor”, no que é aparente, mas no que realmente dá resultados.
E isso é algo que carrego em minha vida. Essa ideia ressoa em uma passagem bíblica que sempre me marcou. Quando Jesus encontra uma figueira cheia de folhas, mas sem frutos, ele usa essa metáfora para alertar sobre o vazio de aparentar algo sem substância. Hoje, no mundo digital, isso é ainda mais evidente: as “flores” – as aparências – chamam atenção, mas, muitas vezes, é o fruto, o resultado verdadeiro, que importa.
Mandamentos para uma Vida Focada
No capítulo sobre os mandamentos, Musashi explora lições práticas para nossa vida. Cada “mandamento” dele – seja o do Lavrador, do Mercador, do Samurai ou do Artesão – traz ensinamentos aplicáveis. Eu destaquei alguns pontos essenciais que você pode usar em seu cotidiano:
1. Lavrador: Foque no que é necessário
Musashi diz que o lavrador deve munir-se apenas dos instrumentos necessários. Ou seja, evite o excesso e concentre-se no essencial. Para quem está começando um novo projeto ou negócio, isso é fundamental. Aplique essa sabedoria em seu cotidiano: não fique preso a bens materiais ou ferramentas supérfluas. Invista no necessário – nos cursos, livros e recursos que realmente fazem a diferença.
2. Mercador: Necessário e apropriado
O mercador, segundo Musashi, precisa ter utensílios apropriados, além de necessários. Ou seja, invista em qualidade, não em quantidade. A busca pelo “bom o suficiente” pode muitas vezes sair mais caro do que investir em algo de excelência desde o começo. Pense no longo prazo e escolha o que vai durar.
3. Samurai: Conheça suas ferramentas e a si mesmo
Para Musashi, o samurai deve conhecer cada arma e equipamento à sua disposição. Isso vale tanto para os conhecimentos técnicos que adquirimos quanto para o autoconhecimento. Somente ao entender nossas limitações e forças é que podemos utilizar todos os recursos ao máximo. Esse autoconhecimento é essencial para lidarmos com desafios e nos superarmos continuamente.
4. Artesão: Dedicação e perfeição
O mandamento do artesão é a essência do ensinamento de Musashi. Ele fala sobre buscar a perfeição, conhecer o ofício com maestria e nunca parar de se aperfeiçoar. Esse é o espírito de excelência que devemos adotar, seja em tarefas simples ou em projetos complexos. Quando damos o nosso melhor desde o início, evitamos retrabalhos e elevamos nosso próprio padrão de qualidade.
A Essência da Verdade: O Espírito Além dos Mandamentos
Ao ler O Livro dos Cinco Anéis, uma frase se destacou de forma especial para mim. Musashi escreveu:
“Mesmo procurando cumprir com diligência os mandamentos, se o espírito se afastar da essência da verdade, não estará seguindo corretamente os mandamentos… Se não houver obediência estrita aos verdadeiros mandamentos, mesmo um pequeno desvio espiritual resultará, posteriormente, em grande distorção.”
Musashi aponta um princípio que transcende o tempo: o que ele chama de “espírito” – nossa mentalidade e postura interior – é o que determina a profundidade e autenticidade de nossas ações. Cumprir apenas a “letra” dos mandamentos não é suficiente se nossa essência estiver desconectada do propósito verdadeiro.
Primeiro vamos entender o que Musashi entendia como espírito, isso é importante.
Ele se refere à Espírito em vários contextos ao longo da obra, principalmente para se referir ao estado mental e a atitude que um guerreiro deve cultivar. Ele defende que o espírito é a base de todas as ações.
Agora que sabemos a visão de Musashi sobre o que seria esse Espírito que ele fala, Vamos continuar.
Essa percepção me trouxe uma reflexão ainda mais profunda, especialmente quando penso sobre minha própria caminhada espiritual e os valores cristãos. Assim como Musashi destaca, mesmo ao seguir regras e ensinamentos, a essência daquilo que fazemos deve ser ancorada na verdade.
Um exemplo: vemos muitas pessoas seguindo preceitos religiosos sem entender ou buscar verdadeiramente o propósito por trás deles. Cumprimos certas ações, mas sem entender seu porquê, seu valor e sua conexão com algo maior. Esse é o perigo que Musashi alerta: a “distância espiritual” que nos desconecta do essencial.
Lembro-me de como é fácil cair na superficialidade. Podemos seguir ordens, cumprir rituais, mas sem entender o verdadeiro significado que eles carregam. Assim, trago à tona uma pergunta essencial: qual é o propósito por trás das ações que realizamos todos os dias?
A prática leva à perfeição
“Na fase de treinamento, qualquer aprendiz acha pesada a espada longa e acha difícil brandi-la. Mas lembro ao iniciante que tudo é difícil no começo… Contudo, depois de estarmos familiarizados… após o devido treinamento, se torna de fácil manejo.”
Outro ensinamento valioso é sobre a prática constante. Musashi afirma que tudo é difícil no começo, mas que o treinamento e a prática nos levam à maestria. Se queremos melhorar em algo, seja uma habilidade profissional ou um hábito pessoal, precisamos começar e persistir, mesmo que os primeiros passos sejam difíceis. É através dessa prática constante que atingimos a perfeição.
O começo é difícil, entenda que não importa o que você vai começar a fazer você não vai começar sendo bom.
Então seja ruim! ao longo do processo você vai se aperfeiçoando e melhorando, mas se não começar ou desistir no começo, essa evolução nunca virar.
Uma frase que acredito muito é “A pratica leva a perfeição.”
Trilhe seu próprio caminho
“Nunca se deve imitar os outros, e sim possuir armas adequadas à própria capacidade.”
Uma das lições mais poderosas para mim foi o alerta de Musashi para não tentar imitar o caminho de outras pessoas. Nas redes sociais, é fácil ver a vida idealizada dos outros e querer aquilo para nós. Mas Musashi ensina que cada um deve encontrar suas próprias armas e usá-las ao máximo. Como já ouvi em uma frase: “Não se compare com os outros; se compare com quem você foi ontem.” E é isso: o objetivo é melhorar continuamente, em nosso próprio ritmo.
Ver e Perceber
“Existe dois tipos de olhar: o de apenas ver e o de perceber.”
Um último ensinamento que quero compartilhar é sobre a diferença entre ver e perceber. Muitas vezes, estamos tão focados em um problema que perdemos a visão do todo. Se fixamos nosso olhar apenas na árvore, não conseguimos ver a floresta ao redor. Musashi ensina que ver é um processo superficial, mas perceber é entender o contexto. Para a vida, isso me lembrou de como é importante ter perspectiva e foco.
Conclusão
Ainda nesse livro Musashi traz um alerta dizendo “Tudo o que está escrito neste livro deve ser meditado palavra por palavra, letra por letra. Se o leitor não prestar a devida atenção, poderá, muitas vezes, compreender os mandamentos de maneira errada.”
O Livro dos Cinco Anéis foi uma leitura marcante, mas exigente. Mesmo que tenha absorvido talvez 5% dos ensinamentos, sei que voltarei a ele em breve. A leitura é direta, mas densa, e para aqueles que buscam mais autoconhecimento, recomendo esse livro – mas talvez não seja a leitura inicial para quem está começando no desenvolvimento pessoal.
A jornada O Livro dos Cinco Anéis é mais do que uma leitura; é uma imersão em um estilo de vida que preza pela verdade, pelo autoconhecimento e pela busca de excelência. Cada um desses ensinamentos traz uma profundidade que nos desafia a sermos mais disciplinados, focados e verdadeiros com o que buscamos.
Nota: 7/10
Recomendo: Sim
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Abraços, Eric Brito da Silva